Metade

Dei por mim a dormir em apenas num dos lado da cama, o esquerdo.
Justo eu que sempre adorei esparramar-me, ando a “economizar” na hora de dormir.
Isso faz lembrar me de uma grande amiga da faculdade, a Thais. 
Íamos todos os dias juntas para às aulas. Já considerávamos o nosso trajeto uma (bela) sessão de terapia regada com (muito) bom humor.

Numa dessas idas e vindas, ao som de uma banda de reggae que adorávamos e insistíamos em desafinar, ela perguntou-me como eu dormia. Se tinha um lado preferido da cama, se gostava mesmo era de “passear” por ela ao longo da noite ou se dormia bem no meio.

Lembro-me de olhar para ela sem entender muito – “Se estamos conversando sobre relacionamentos, como você, agora quer saber de que lado eu durmo?” E no curto espaço de tempo entre pensar e dizer exatamente isso, com aquela voz (alta) de deboche, ela adverte-me – “Li, você não percebe que tem tudo a ver, amiga?! Se queremos dividir a vida com alguém, deixar que alguém chegue, precisamos criar espaço para isso. E isso pode (e deve) começar pela cama". 

Muito provavelmente ela não sabe sobre o desenrolar desta história, mas desde então passei a ocupar apenas a minha metade da cama. 
A outra? 
A outra há de ser (muito bem) ocupada, obrigada!

                     

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