“Apequenar” 

Dia desses participei de um workshop sobre Escrita Afetuosa.

Um presente que há tempos queria me dar. Embora a sensação fosse de “pecado”, afinal estávamos ali, enquanto a maioria das pessoas estavam recolhidas em casa, diante do cenário que se apresentava.

Fomos convidadas a produzir três textos, que para minha surpresa brotaram de um lugar muito profundo, em mim. Emoção pura!

A escrita sempre fez parte da minha vida.
Cresci fascinada por histórias. E acabei por florescer jornalista, uma roupa que a cada dia se torna menor. 
Sinto-me apertada nas estruturais textuais, as construções de leads limitam meus movimentos naturais, o desenvolvimento das narrativas encurtam meu caminhar. Há uma prisão nas técnicas jornalísticas.

A escrita deve transbordar para, gentilmente, aproximar as pessoas. As palavras devem ser pontes para fazer morada no outro.
E em meio dessas conclusões às avessas em torno da profissão que escolhi e o desejo que vem brotando, recebo, uma mensagem da querida facilitadora do workshop:


“Quero que saiba de uma coisa: Você é palavra!
Seus textos são de uma potência enorme.
Não se intimide pelas amarras do jornalismo.
Mais do que isso, não se deixe apequenar.”


Aquilo veio como um presente que há tempos eu esperava. Uma validação sobre o que eu sentia em relação a formação que escolhi e o fato dela impedir minha expansão. Que loucura!
Mais do que isso, convidou-me a olhar para minha história e perceber a quantidade de vezes que eu me “apequenei” diante da vida.

Por que nos encolhemos?
Quais são as vantagens de diminuirmos para cabermos?

Percebi que parte do cansaço que senti, por vezes, vinha do esforço para me apequenar.
Longe de uma resposta elaborada sobre o verbo apequenar, que se faz transitivo direto em mim, sinto-me mais próxima à ele. A coragem se aproxima, de mãos dadas com a vontade de perceber os momentos em que escolho engolir a cápsula diminuidora.

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