Tempo em branco


E se recebesse um papel em branco para criar o que quisesse?
E se tivesse tempo para fazer tudo aquilo que dizia que faria se tivesse tempo?
Seria fácil? Traria alegria? Medo? Ansiedade? Saberia por onde começar?


                                                                                   



               (......respira.....)

(sinta as respostas brotarem do mais profundo)

Dei por mim a sentir esta nova condição, de diferentes maneiras. É como se eu acabasse de mudar de casa e precisasse, dia sim, dia não, trocar um objeto de lugar.

Um dia troco o computador por uma prática de yoga.
Outro dia troco o almoço por um lanche rápido para adiantar um trabalho.
Troquei a respiração fluida e completa por um peito apertado e ofegante.
Troco uma música por um discurso profundo de alguém que eu admiro e consigo sentir esperança.
Tenho trocado minhas deslocações diárias por pequenas doses de caminhada no meu bairro.
Troquei o “ir” pelo “vir”.

Quase diariamente troco o fazer pelo sentir.
Sinto muito!

De repente o tempo entrou pelas janelas da casa e fez morada. Trouxe a oportunidade de pintar aquela tela em branco, que há tempos estava encostada no canto.

Canto escuro, sombrio, frio... Necessário para a compreensão da travessia.
Canto de criança. Canto de olho. Canto do pássaro.

Canto que toca!




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