Ela adentrou aquele lugar que tudo tem.
Sem saber ao certo o que estava a acontecer, o porquê das
pessoas saírem com uma grande quantidade de sacolas nos braços.
Ela de repente fica frente à frente com a prateleira de enlatados completamente vazia.
Não havia sobrado absolutamente nada que ela pudesse ter
para o jantar, naquela sexta feira, 13.
A sensação que a assombrava era como se tudo o que ela
estivesse acostumada a ter, não estivesse disponível naquele lugar, que tudo
tem, ou tudo tinha.
Olhava ao seu redor e as pessoas não mais estavam
preocupadas com seus celulares, a urgência era abastecer seus carrinhos com mantimentos,
para uma semana, duas... talvez um mês.
Percebeu também o distanciamento das pessoas, sobretudo se
alguma manifestasse algum sinal de vulnerabilidade. Um espirro ali e o silêncio
e a atmosfera tornavam-se ainda mais hostis.
Abastecida com o que havia disponível no mercado, ela volta
para casa e junto com alguns legumes do fundo da geladeira, quase passados, faz
o seu jantar.
O jantar desce de forma estranha, a inquietação a rondava...
Ela chega a quase ter a certeza da incerteza que a rodeia,
sempre!
“Pois... vai ver que isso é o tal do incerto, da
impermanência da vida...”, pensa ela.
E silencia.
Comentários