Acordar com a sensação de o corpo ainda não estar pronto.
O sino toca lá longe. As janelas abertas permitem que o
ar novo adentre.
A vizinha da frente faz o mesmo, abre as cortinas e janela e
faz alguns movimentos, parece querer acordar seu corpo.
Um colorido de roupas preenche os varais das casas.
Mais cheiro de comida no prédio.
Armários de comida com menos espaço. O menos é muito e o
muito parece ser insuficiente, por vezes.
Salas das casas transformadas em estações de trabalhos. A
pequena mesa se abre e cresce em um novo acolher.
Computadores, telefones, cadernos, agendas, canetas, álcool, soluções
desinfetantes... Por aqui, ainda acrescento – vela, incenso e plantas.
Corpo se encole, a respiração por vezes deixa de ser ampla e
completa.
Cheiro de café no ar, pausa para expandir, ou pelo menos
tentar.
Cabeça está aqui, trancada. Por vezes está do lado de lá. Ou,
tentando desvendar o futuro que está por vir.
Inúmeras são as mensagens que chegam, com elas uma ansiedade
entra sem pedir licença.
A pergunta que tem sido mais difícil responder – “Como você
está?”
Estou comprimida em mim.
Necessidade de aquietar e silenciar, a todos. Inclusive a
mim.
Sentir apenas aquilo que for meu.
Olhar de frente para o medo que faz morada e poder senti-lo.
Poder acolhe-lo e ressignificá-lo, intimamente.
Aceitar o ar incerto que entra. Colocar pra fora o silêncio dos pulmões.
(Inspira-expira).
Comentários
Que lindo... <3